quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

A carta

Dia 25 de Dezembro de 2014 eu e os meus primos fomos até à praia durante a noite. A nossa intenção era nos despedirmos do nosso avô que tinha partido no dia 19. Dia 25 de Dezembro era o aniversário dele.
Durante anos ele dizia que ia falecer no Natal. Todos os natais ficava doente.
O meu avô era um pensador. Lia durante horas sem fim. Se passasse por casa dele ás 4h00 da manhã via uma pequena luz acesa. Era ele que estava a ler. As obras que mais gostava era as do José Saramago. Leu obras sem fim desde policiais a enciclopédias.
A outra adoração era a Arte. Quando era pequenina observava-o durante muito tempo a pintar, a esculpir e a escrever à maquina. Não tinha cursos. Era um simples escriturário que se reformou muito cedo. Era a pessoa mais inteligente e culta que conheci até hoje. Era de ideias fixas, era teimoso, persistente.
A natureza era outro amor, talvez o maior. Adorava plantar, ver as plantas nascerem e as árvores darem frutos. Adorava observar o céu estrelado, o mar, a aurora. Adorava ver as gotas de orvalho nas folhas, colher cenouras e morangos e ver-nos comer com um sorriso nos lábios. Chamava de filha e filho a todos os netos e dizia sempre "obrigadinho".
 
Hoje tive uma ideia.
 
Dia 25 de Dezembro de 2015 e nos anos seguintes eu e os meus primos iremos nos encontrar nesse mesmo ponto da praia e cada um de nós vai escrever uma mensagem, uma carta para o nosso avô e lançar ao mar. Acho que vai gostar de nos ler.
 
 

4 comentários:

  1. Bela ideia. Também tive um avô assim, de quem gostei mesmo muito. Infelizmente convivi pouco com ele: morreu quando eu tinha 10 anos.

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  2. Que lindo texto :)
    A minha avó morreu dia 18 de dezembro, há três anos. Sinto muito a falta dela. O que custa mais ainda é o meu avô, que especialmente nesta epoca se vai muito abaixo.

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  3. Que bonito texto e que belas memórias :)

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