Sofá da Laura

Ontem o Diogo não quis saber de nós. Depois de 3 semanas sem ver tios e primos que tinham ido de férias ficou super feliz ao vê-los e já não os largou. Pediu para ir com eles e nós de cabeça baixa rumamos a casa. Pensei em ler, ver televisão, ver um filme qualquer... deitei-me na cama com a janela aberta e abri o portátil. Fechei logo a seguir. 

Fechei os olhos e remei por um sono que durou duas horas. Ouvi la no fundo as gaivotas, senti o vento quente vindo da janela e o som da cortina a mexer. Revivi momentos passados quando tinha a idade do meu menino, deitada no sofá da minha ama adormecia e acordava com esses sons. Via o mar lá ao fundo mas para mim é como se tivesse muito perto. Sentia-me tão bem. Ela chamava-se Laura. Dava-me bolachas maria e leite com café. Lembro-me que gostava muito dela e chorei muito porque não queria ir para a pré-escola. Ás vezes ficava com a minha avó paterna ou com a minha tia quando ela não podia. Não gostava da minha avó. Era uma pessoa muito dura, nunca sorria... ao contrário da colega de casa dela, a Margarida. A Margarida era uma senhora amorosa, que estava sempre a sorrir. Era calma e fazia-me rir. Soube que foi depois para um convento. 

O sono e cansaço é quase permanente nesta gravidez. Não há dia que sinta a energia por completo e as vezes deixa-me triste. Gostava de me sentir mais activa, de fazer tudo que me apetece mas não consigo. O meu marido tem me ajudado bastante, muito mais do que na primeira gravidez em que eu queria fazer tudo e mais alguma coisa sozinha. Agora se me deito, se tenho um tempinho livre, acabo por adormecer. E soube-me tão bem. Como as sestas que dormia no sofá da Laura.