#maesinspiradoras
Conheci a Inês online através de um grupo de mães. A Inês mostra a qualquer um que é mãe quem cria, não quem faz nascer. Obrigada!
" Em 24 horas que
tem um dia, em 22h delas penso que sofro de uma inaptidão imensa para realizar
a maioria das tarefas desafiantes que ser mãe acarreta, mas nem sempre foi
assim. Há uns 6 anos atrás alguém me disse que Deus tinha um plano maior para
mim e para o meu marido e por isso não tínhamos filhos. Como assim? Que plano
pode existir para mim que não passe por ser mãe? Eu não tinha mais planos. Como
todas as mães que já se sentem como tal, mas não o são, procurava todas as vias
possíveis para o ser. Não existia mais nada, nem uma satisfação no emprego
(apesar de trabalhar com crianças), nem em ter amigos, viajar, nada mais
importava. Orava e achava que nada acontecia e mais nada importava. Um dia
decidi que eu teria de existir. Decidi tirar uma segunda licenciatura, em
direito (o mais difícil possível, visto que era de ciências), fiz novas
amizades (tendo perdido quase todas as anteriores para seguir o meu plano à
letra, de ser mãe e dona de casa), conheci Portugal quase todo num ano e assumi
que iria fazer coisas diferentes e agradáveis, sempre com o meu marido, o meu
melhor amigo. Inscritos na adoção, decidi partilhar esta nova “vida” e não
pensei sequer nas consequências que isso teria (antes iria pensar a 100% em
cada palavra, gesto, sorriso). Uns meses depois o telefone tocou, seriamos pais
de um bebé de 6 meses. E agora? O tao esperado plano A. Um bebé com um atraso
significativo de desenvolvimento, não se sentava, não gatinhava, não
estabelecia contacto, que podia eu fazer? Primeiro pensamento, cancelar
imediatamente todos os planos B,C,D, etc. a família estava longe, fiquei eu, o
pai e o bebe. Decidimos não desistir, mantive os estudos, os amigos (que tanto
ajudaram e que antigamente acharia que qualquer amizade seria sempre pouco
útil), a família que mesmo distante sempre esteve presente. Na maioria dos dias
senti-me culpada, de pensar em mim, de pensar noutras coisas, mas o bebé
crescia, desenvolvia-se, parecia bastante feliz. Sentou-se aos 9 meses, falou aos
12 meses, começou a andar aos 15 meses, lentamente havia uma resposta positiva.
O pai trabalhava a part-time e eu mantinha os estudos dentro do possível, nunca
saímos de casa com o bebé a chorar, nunca o deixamos com ninguém, nunca
deixamos de estar 24h presentes, mas entendi que estar 24h presente não faz com
que a mãe se anule, a mãe existe. O bebé ia connosco para todo lado, compras,
restaurantes, trabalho se fosse necessário, até ir para a escola com 18 meses.
O bebé cresceu, atingiu todos os objetivos de desenvolvimento, mas acima de
tudo, é amado (ao ponto da mãe não quer mais filho algum porque este ocupou
todo o coração), é parecido com o pai e mãe, quer ser juiz porque diz que a mãe
é a maior advogada… havia um plano maior desde sempre. Sim, é verdade, em 22h
de um dia, sinto-me inapta para realizar muitos dos desafios e sinto que não
estou à altura, que podia ser melhor, e às vezes a sociedade também faz pressão
para que assim seja, que nos consideremos más e incapazes, o seu filho tirou as
meias no café? Disse uma asneira? Mordeu na amiga? Não dorme a sesta? Vê
televisão ao jantar? Sim sociedade, o meu filho às vezes descontrola-se, e eu
também não sou perfeita a 100% e às vezes vejo televisão ao jantar, e às vezes
não me importo nada que ele esteja descalço ou que coma terra. Na escola as
críticas surgem, por se “porta mal”, porque não corresponde ao ideal da
sociedade, que sinceramente nunca irei compreender qual é, porque parece que
nunca chego a esse perfecionismo. E tantas vezes me senti culpada, senti-me
ausente... senti-me má porque o meu filho sabia os números até 20 com 2 anos,
mas às vezes cuspia, senti-me incapaz porque sabia as vogais, mas às vezes
dizia uma asneira, a sociedade não perdoa, a criança sabe fazer torres de 10
peças, mas se tira um sapato, somos os piores pais de sempre.
Escrevo hoje o
que gostaria que me tivessem escrito, o plano A pode ser o enorme amor de ser mãe,
hoje e sempre foi o meu plano A, mas existe o B o C e o D… os filhos têm o
direito de ser amados profundamente, por mães que fariam tudo por eles, mas as
mães que amam muito também têm os seus defeitos e não sabem tudo, nem têm de
saber. Os bebés não têm de ser perfeitos, vão também ter defeitos e falhas. Por
mais que se tente, não vamos agradar a todos. Nunca iremos, e que bom que isso
é! Hoje eu sei disso. O meu filho é muito amado, espero que um dia seja um
grande juiz como diz que quer ser, ou bombeiro, polícia, super-homem, o que ele
quiser ser, mas feliz, sabendo que foi muito amado desde o dia 0, que nunca
desistimos dele, mas que os pais não desistiram deles próprios para que
pudessem ter capacidade para ser mais por ele. As críticas existiram sempre, só
temos de encontrar a melhor forma de lidar com elas, as ouvir e considerar,
aproveitando-as para crescer e melhorar, mas acima de tudo amar mais ainda os
nossos filhos. Somos nós mães de agora que temos de procurar novas soluções,
mudar o que achamos que tem sido mal pensado, unir-nos, sermos fortes umas
pelas outras e não nos deixarmos levar pela critica e pelas dificuldades. Os
nossos filhos cresceram com a nossa força."
Belo testemunho, sim senhora, adorei :)
ResponderEliminarObrigada!
EliminarAdorei este post.
ResponderEliminarMuito bem escrito.
Obrigada!
ResponderEliminarAdorei. Concordo plenamente contigo. Conhecer-te permitiu-me visualizar todos os detalhes.
ResponderEliminarUm beijinho, com admiração!
Obrigada pela resposta :)
EliminarGostei muito!
ResponderEliminarVerdade que nos devíamos unir mais, ver o outro lado e aceita-lo, em vez de andarmos só no "politicamente correto"...
Beijinho às 2
Verdade... ainda somos muito do género “o meu filho com ano e maio já sabe fazer contas e o teu?”
EliminarEu sou mãe de uma menina hiper, mega inteligente mas muito socialmente incorrecta. É minha e eu amo-a! O que mais quero? Que seja feliz.
ResponderEliminarSei bem o que isso é!
EliminarAinda há pouco tempo fiz um post no facebook sobre isso... além de que se for mulher julgamos mas se for homem pensamos: ohhh coitadinho... enfim
ResponderEliminarBeijinhos,
O meu reino da noite ~ facebook ~ bloglovin'
As mulheres são terríveis umas para as outras.
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