quarta-feira, 10 de julho de 2013

Vizinhos

Tenho saudades de ter vizinhos. Não é que não os tenha, afinal moro num condomínio com 100 apartamentos mais coisa menos coisa, mas de ter vizinhos que nos digam bom dia, que nos batam à porta a pedir um ovo ou uma taça de arroz. Vizinhos que páram e conversam sobre tudo e não que digam apenas "o bebé está grande!" e continuam no seu caminho.
Na aldeia onde cresci todos se conhecem e os meus vizinhos eram meus familiares: duas tias, tios, primos e avós. Cresci a brincar ao ar livre, a fazer sopas de erva e flores, a sujar os pés com terra do quintal. Cresci a dizer bom dia a este e aquele e parar na rua para falar sobre isto e aquilo.
Se disser que vi o meu vizinho do lado umas três vezes desde que cá estou (há mais de dois anos) não estaria a mentir. É raríssimo cruzar-me com alguém. Por um lado é bom, não se fazem boatos como nas aldeias pequenas, por outro, sinto falta de ter amizades por perto. É engraçado que as crianças fazem-se logo amigas e montam logo um circo de brincadeira em menos de dez minutos, os adultos vivem numa caixa e só entra alguém com uma palavra passe.


3 comentários:

  1. é verdade Xica :/ e cada vez pior... também sinto falta do mesmo ...

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  2. Essa última frase diz tudo. Eu cresci num sítio já de apartamentos onde as vizinhos se conheciam todos e frequentavam a casa uns dos outros. Nossa! Estão sempre a comentar a vida uns dos outros e a meter o bedelho.

    Mas depois mudei para um apartamento sem essa familiaridade com vizinhos. E foi bom, mas ao mesmo tempo, a solidão sente-se mais. Por vezes tenta-se um convívio, mas é de curta duração e não é a mesma coisa.

    Acredito que se deve fazer amizades e tentar não é nenhum crime. Se fosse viver para algum novo lugar ou alguém viesse morar para perto de mim, acho que ia tentar dar-me a conhecer e conhecer as pessoas levando um bolinho ehehehe!

    Elas deviam ficar assustadíssimas com a vizinha INTROMETIDA (que não sou) e começavam logo a se esquivar ehehe. Só iam se lembrar que existo quando precisassem de alguém que lhes tomasse conta dos filhos enquanto dão uma escapadinha ahah

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  3. Mais uma vez, revejo-me neste texto. bem escrito, aliás. Deviamos seguir o exemplo das crianças e deixar de ser tão "formatados", porém é complicado. Levantamos defesas.

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