terça-feira, 26 de julho de 2016

Dia dos avós

Sempre tive um relacionamento muito próximo com os meus avós maternos. Moravam a um passo de distância da nossa casa o que facilitava. 

A minha avó Maria sempre trabalhou. Nunca tirou férias. Quando vinha descansar uns dias para casa não descansava. Era para tirar tudo de dentro de casa, limpar ao pormenor e colocar tudo no sitio novamente. E depois voltava ao emprego. Foi cozinheira e governanta toda a vida. Orgulha-se dos cozinhados e de ser minuciosa com a limpeza. Verdade é que nenhuma nódoa lhe escapa. É o stress em pessoa mas acalmou quando o meu avó morreu. Passou um ano inteiro a cuidar dele. 24h por dia. Depois foi trabalhar. Não é de abraços nem de beijos. Os carinhos dela são os almoços que faz com tanto amor para as filhas e os netos, e agora, bisnetos. 

O meu avô era o contrario. Era a pessoa mais calma à face da terra. Tinha todo tempo do mundo. Era administrativo numa fábrica onde é agora a minha casa. Reformou-se cedo. Passou o resto da vida a cultivar e a colher no quintal que tanto adorava. Dá-me pena ver o quintal agora. 
Tomava conta dos netos no Verão. Passávamos as tardes com ele a tirar ervinhas com o ancinho e a comer morangos e cenouras em cima duma manta no meio do quintal. Sujávamos os pés, as mãos e éramos felizes. Depois passávamos horas a observá-lo pintar ou a escrever à maquina. Gostava de Arte e de Poesia. Dava-nos folhas para pintarmos também e no fim mostrava sempre orgulho nos nossos desenhos da pré história. Dizia sempre "Está magnifico!". E nós acreditávamos que tínhamos criado uma obra de arte. Depois do jantar via o telejornal, abria um livro e lia até ao fim. Era apaixonado pelos livros. Leu tudo. Até enciclopédias. Não havia tema que lhe escapasse desde ciências à história e era para mim um dos homens mais cultos que conheci até hoje, senão o mais culto. Se lhe perguntássemos o enredo de algum livro que leu anos atrás ele sabia. No fim da vida, apesar de não conseguir mover o corpo, o cérebro dele funcionava como antes. Estava atento a tudo.

O Diogo tem duas avós maravilhosas e um avô que adora. Tem uma bisavó, a bisavó Maria que até lhe dá beijinhos. Infelizmente não tem o avô e o bisavô que o iam amar incondicionalmente, mas de certeza que tem dois anjos que o seguem para todo lado. 

3 comentários:

  1. Tem com certeza! E ele que aproveite ao máximo os avós e bisavós. Infelizmente os meus partiram cedo demais, de ambas as partes...
    Beijinhos
    http://chicana.blogs.sapo.pt/

    ResponderEliminar
  2. É terrível quando perdemos os avó, principalmente quando são avós a sério, que cuidam de nós e nos amam genuinamente.

    ResponderEliminar